FOLHA DE SÃO PAULO
Isso foi o que constatou uma
pesquisa feita pelo jornal Folha de São Paulo.
O efeito placebo, ataca novamente, o que não
fazemos para tentarmos dar um (a) de esperto, ou melhor tentar otimizar algo
derradeiro? Olhem o que o jornal Folha de São Paulo constatou sobre as ingestão
de energéticos em excesso.
A categoria de energéticos é a que mais cresce no mercado de
bebidas sem álcool. As vendas, puxadas por jovens, subiram 36,4% em 2010,
mostram os últimos dados nacionais do setor.
A
Folha resolveu conferir essa fórmula de sucesso, analisando a quantidade de
cafeína (estimulante) e taurina (aminoácido que ajuda na eliminação de toxinas)
presente em sete marcas.
Para o teste, feito no Laboratório de Análises de Alimentos da
FEA-Unicamp, a reportagem comprou três latas de cada uma das marcas. Como as
embalagens têm quantidades diferentes, os conteúdos de cada marca foram
homogeneizados, para uniformizar a quantidade de líquido em 500 ml.
O
método da análise, chamado cromatografia eletrocinética micelar, usa um
reagente para separar cada um dos compostos do produto.
O
teste mostrou diferença entre os valores indicados nos rótulos e os reais.
"As
amostras apresentaram uma pequena quantidade de cafeína superior à declarada,
mas justificada pela necessidade de manter o teor da substância até o final de
validade do produto", diz a bioquímica Helena Teixeira Godoy, coordenadora
do laboratório da Unicamp.
É
admissível uma variação de 20% nos valores declarados no rótulo. Porém, os
produtos devem obedecer as quantidades máximas de cafeína e taurina
estabelecidas na lei --respectivamente, 35 mg/100 ml e 400 mg/100 ml. Duas
marcas, Fusion e Monavie, extrapolaram os limites.
DRINQUES
PILHADOS
Mesmo
nas doses máximas, a concentração de cafeína de um energético é menor do que a
encontrada numa xícara de café expresso. O problema não é a dose, mas a receita: misturar energético e
álcool. Apesar de os rótulos advertirem contra esse uso, é isso que os
brasileiros vêm fazendo.
Estudo
feito pelo departamento de psicobiologia da Unifesp com jovens de São Paulo
mostrou que 76% deles tomam energéticos misturados com uísque ou vodca. A
pesquisa, de 2004, foi feita com 136 pessoas. Está sendo atualizada, diz o
coordenador, Sionaldo Ferreira, que é doutor em psicobiologia.
"Ainda
não fechamos os números do novo levantamento, com 1.500 pessoas, mas as
conclusões são as mesmas do estudo anterior."
Os
objetivos da mistura são melhorar o sabor dos drinques e manter o pique por
toda a noite, adiando o sono.
O
álcool inibe o sistema nervoso central, diminuindo reflexos e dando torpor,
enquanto a cafeína faz o oposto, estimulando o sistema.
"Usar
as duas substâncias ao mesmo tempo dá confusão, você passa informações cruzadas
ao cérebro", diz a nutricionista Camila Garcia, do Hospital do Coração.
TOXINAS
Mas
energético reduz os efeitos da bebedeira? Na pesquisa da Unifesp, apesar de os
participantes relatarem essa ação, os testes de coordenação motora, atenção e
tempo de reação não mostraram diferença alguma.
"O
efeito placebo pode induzir a erro de julgamento, fazendo a pessoa consumir
mais álcool do se não estivesse misturado com energético", diz Ferreira.
A cafeína mascara os efeitos do álcool levando a pessoa a consumir mais
bebidas alcoólicas por julgar-se em melhores condições do que realmente está. Além da mudança de
comportamento, entre os riscos da mistura estão a depressão, a taquicardia e a hipertensão.
A conclusão de que os
energéticos tendem a amplificar os efeitos das bebidas alcoólicas e levam uma
espécie de “embriaguez desperta”. Assim, correr o risco até ficaram mais
propensos ao sexo casual e desprotegido.
Os energéticos também contêm taurina, aminoácido que ajuda na
eliminação de toxinas. As bebidas testadas contêm os limites máximos de taurina
permitidos pela Anvisa, mas insuficientes para produzir algum efeito.
"Os
exames de sangue não mostraram diferença entre os que consumiram bebidas
alcoólicas isoladamente e os que misturaram com energéticos", diz Tatyana
Dall'Agnol, especialista em nutrição e metabolismo pela Unifesp.
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