FOLHA DE S. PAULO
O 'Novo IMC' compara cintura com altura.
Surge mais uma proposta para o IMC (Índice de massa corporal). A proposta é de
pesquisadores britânicos, que apresentam neste sábado (12) em Lyon, na França,
uma revisão de estudos mostrando que a proporção entre a cintura e a altura
prevê melhor o risco cardíaco e de diabetes do que a velha escala do IMC.
O índice de massa corporal é calculado dividindo o
peso em quilos pela altura, em metros, ao quadrado. A conta sugerida pela
pesquisa da médica Margaret Ashwell, da Universidade Oxford Brookes, é ainda
mais fácil: a circunferência da cintura deve ser, no máximo, a metade da
altura. Se uma pessoa tiver 1,60 m de altura, sua cintura deve ter até 80 cm.
Mais do que isso é sinal de risco.
GORDURA ABDOMINAL
Medir a
cintura para ver risco cardíaco não é uma ideia nova. Mas, segundo o
endocrinologista Alfredo Halpern, os padrões usados hoje (102 cm para homens e
88 cm para mulheres como limite máximo) não levam em conta a altura.
"Claro que uma pessoa de 1,90 m com cintura de 94 cm não tem o mesmo risco
de uma com 1,50 m e a mesma circunferência."
O que faltava
era a comprovação de que uma cintura medindo 50% da altura é um indicador fiel
da maior probabilidade de ter problemas cardíacos e metabólicos.
A revisão de
estudos feita pelos britânicos analisou 31 trabalhos, envolvendo um total de
300 mil pessoas.
A pesquisa
também levou em conta diferentes etnias para encontrar a proporção máxima da
cintura.
Isso é
importante porque um dos pontos fracos do IMC é que ele tem significados
diferentes para cada etnia. De acordo com Halpern, indianos e japoneses já
apresentam risco de diabetes com valores de IMC considerados normais (entre 20
e 25).
O IMC também
não discrimina entre massa muscular e gordura na hora da conta. Por isso é que
a cintura começou a ganhar importância.
De acordo com
o médico da USP, o risco para a saúde é maior quando a pessoa tem mais gordura
entre as vísceras. Essa gordura é mais perigosa do que a localizada logo abaixo
da pele. A medida da circunferência não diferencia entre as duas.
"Por
isso também essa medida pode ser falha. Mas, quanto maior é a circunferência,
mais gordura há dentro e fora das vísceras. Com a altura, a precisão
aumenta."
Segundo a
autora do estudo, a proporção entre altura e cintura, além de servir para
pessoas com qualquer ascendência, também vale para crianças -- a
versão infantil do índice de massa corporal tem uma escala que varia de acordo
com a idade.
De acordo com
Ashwell, a nova medida já está ganhando apoio em países como EUA, Austrália,
Japão, Índia, Irã e também no Brasil.
Pesquisadores
da City University de Londres estimaram que um não fumante de 30 anos reduz sua
expectativa de vida em até 33% se a medida de sua cintura corresponder a 80% de
sua altura.
"Manter
a circunferência da cintura no ponto certo aumenta a expectativa de vida para
todas as pessoas do mundo", disse Ashwell.
Halpern
lembra, no entanto, que, como todo estudo epidemiológico, esse também vai se
deparar com casos que fogem à regra.