sábado, 17 de dezembro de 2011

A boa postura na musculação


Nos últimos tempos muito tem se falado sobre a boa postura no trabalho, em casa e nos exercícios físicos diários. Mas afinal de contas, o que é postura? Como pensar em boa postura na academia?

De acordo com Bienfait (1995), postura é a forma que nosso corpo assume nas diferentes atividades que executamos no dia a dia; temos como exemplos a postura sentada, deitada, em pé, andando, correndo, gesticulando, etc. Ou seja, nosso corpo em qualquer ação que execute, assume uma diferente postura.

Quando pensamos na atividade que realizamos na academia, no caso da musculação, qual seria a importância do cuidado com a postura?

Diversos estudos (Hansen & Vaz, 2004; Monteiro et al, 1999; Santarém, 1999) já comprovam os benefícios da musculação (ganho de força e resistência muscular, definição e hipertrofia da musculatura, melhora do controle neuromotor), no entanto, outras pesquisas (Ribeiro et al, 2003; Reeves et al, 1998; ) revelam que se a musculação for feita sem cuidados, várias conseqüências posturais e articulares podem comprometer a saúde de quem a pratica.

Podemos destacar como problemas de saúde as hérnias de disco na coluna; as bursites e as tendinites no ombro, punhos, quadril; as lombalgias; os acometimentos nos joelhos (dores, artroses, etc); as escolioses; dentre várias disfunções geradas ou agravadas pela má postura durante a prática da musculação (Baroni, 2010; Santos, 2002).

A má postura, independente de onde for desencadeada, pode ocorrer devido ao seu acúmulo de atividades diárias e rotineiras. Posturas como, manter a coluna ereta, manter o abdomên contraído, independente da posição  - sentada, em pé, deitado, em quatro apoios - do exercício, salientar-se ao ângulo de movimento adequado, evitar hiperextensão, hiperflexões das articulações, devem ser cuidados independente da exigência da execução do movimento, tanto na musculação, quanto nos demais afazeres diários. Movimentar o corpo apenas não é sinônimo de boa postura, em qualquer movimento diário realizado podemos acarretar uma lesão indesejada. Sendo assim, respeitar as amplitudes de movimentos  normais das articulações, irão preservar de lesões os praticantes desta modalidade, evitando suspensão dos exercícios e futuras limitações articulares.

É válido lembrar que a execução incorreta dos exercícios podem se suceder por diversas causas. Evidentemente em primeiro lugar é o desconhecimento do modo de execução do exercício; o equipamento impróprio e maus ajustes também pode acarretar a técnica incorreta; o aumento excessivos, desnecessário, e incoerente de cargas. Na maioria dos aparelhos, é possível ajustar a altura e a posição do banco, assim, como das alças, dos apoios dos pés e dos suportes para as pernas. No entanto, o incorreto ajuste, propicia a má execução movimento, sendo assim, o bom ajuste e a comodidade aos aparelhos, para execução do movimento propiciam a boa postura.

Dessa forma, o cuidado dos Educadores Físicos, que instruem seus alunos na academia, bem como a consciência de cada aluno durante a sua série de exercícios, determinarão a forma correta de posicionar o corpo, evitando e prevenindo possíveis lesões osteomusculares a curto, médio e longo prazo.

Não se preocupe apenas com a quantidade de peso ou carga que você consegue usar no seu treino. O ganho de força, hipertrofia muscular devem acontecer com a qualidade e consciência corporal acima de tudo. Use o espelho da academia e as dicas do seu professor como aliados constantes no ajuste postural. Os resultados de um treino consciente são mais eficazes e duradouros. Melhor fazer musculação com consciência por toda a vida, que malhar por 5 anos e ter que parar por desenvolver alguma lesão.

Boa postura na musculação é sinônimo de qualidade de vida!




Prof. Ms. Marina Medici Subtil
Crefito 110047 – F
Graduada em Fisioterapia
Universidade Federal do Espírito Santo


Profº. Esp. Helder Souza
Cref 4482 G/ES
Graduado em Educação Física
Esp. Fisiologia do Exercício - Universidade Gama Filho - RJ




Referências:

Mochizuki, L.;  Amadio, A.C.  Aspectos biomecânicos da Postura ereta: a relação entre o centro de massa e o centro de pressão. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. V 3, n 3, PP. 77-83, 2003.
Baroni, B. M. et al. Prevalência de alterações posturais em praticantes de musculação. Fisioter mov. (Impr.) [online]. 2010, vol.23, n.1, pp. 129-139. ISSN 0103-5150.
Ribeiro C.Z.P, Akashi PMHA, Sacco ICNS, Pedrinelli A. Relationshcip between postural changes and injuries of the locomotor system in indoor soccer athletes. Rev Bras Med Esporte. 2003;9(2):98-103.

Reeves R.K, Laskowski E.R, Smith J. Weight training injuries: Part 1: diagnosing and managing acute conditions. Phys Sports Med. 1998;26(2):2-14.

Bienfait,  M. Os desequilíbrios estáticos: fisiologia, patologia e tratamento fisioterápico. São Paulo: Summus; 1995.

Santos A. A biomecânica da coordenação motora. 3a ed. São Paulo: Summus; 2002.

Horak, F. B.; Macpherson, J. M. Postural orientation and equilibrium. In: Rowell, L. B.; Shepard, J. T., eds. Handbook of physiology. New York, Oxford University Press, 1996.

Oliveira, L.F.; Imbiriba, L.A.; Garcia, M.A. C. Índice de estabilidade para avaliação do equilíbrio postural. São Paulo: Revista Brasileira de Biomecânica. v. 1, n.1, pp. 33-38, 2000.

Perrin, P.; Deviterne D.; Hugel F.; Perrot, C. Judo, better than dance, develops sensorimotor adaptabilities involved in balance control. Gait and Posture. v. 15, pp. 187-194 , 2002.

Hansen, R. ; Vaz, A.F. Treino, culto e embelezamento do corpo: um estudo em academias de ginástica e musculação. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 26, n. 1, p. 135-152, set. 2004.

Monteiro, W., et al. - Força muscular e características morfológicas de mulheres idosas praticantes de um programa de atividade físicas. rev. brás. de ativ. física e saúde, Londrina; 4(1): 20-28p. 1999.

MUSSI, Ricardo Franklin de Freitas; LIMA, Larissa Karla Gomes; GOMES, Marcius de Almeida. Análise cinesiológica de uma série básica de musculação. In: SEMANA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNEB, 3., 2002, Guanambi. Anais... Guanambi: Universidade do Estado da Bahia, 2002.

Santarém, J. M. - Aptidão física, saúde e qualidade de vida. www.saudetotal. com.br, 1999.